Em meio às belas paisagens de Pemba, no Norte de Moçambique, nasce uma iniciativa que transforma o turismo em ferramenta de empoderamento social e celebração cultural. Idealizado por Filomena Rebocho, o projecto Salama Pemba coloca a comunidade local no centro das experiências turísticas, fortalecendo a identidade de Cabo Delgado e criando oportunidades reais de desenvolvimento.
A ideia do Salama Pemba nasceu do desejo profundo de Filomena de valorizar a riqueza cultural da sua terra natal.
“Sempre acreditei que o turismo mais autêntico é aquele construído a partir das pessoas, das suas tradições, histórias e talentos”, afirma. Pemba e toda a província de Cabo Delgado carregam um potencial que, para ser verdadeiramente vivido, precisa ser respeitado e genuinamente experimentado — e é exactamente isso que o Salama Pemba propõe: dar voz e espaço aos verdadeiros fazedores da cultura local.
O caminho para consolidar o Salama Pemba não foi isento de desafios. Sensibilizar a comunidade sobre o valor do turismo comunitário e construir redes de apoio num cenário de poucos recursos exigiu, persistência e visão. No entanto, as conquistas são notáveis: a crescente adesão da comunidade, o interesse de visitantes por experiências autênticas e o fortalecimento da autoestima dos participantes mostram que o projecto já deixa marcas profundas.
Desde o início, a participação comunitária foi prioridade. Artistas, pescadores, cozinheiras tradicionais, dançarinos e jovens empreendedores desenham juntos cada experiência oferecida. Essa abordagem participativa garante que cada actividade mantenha viva a autenticidade das práticas locais.
Entre as experiências proporcionadas estão visitas a bairros históricos, aulas de culinária tradicional, workshops de dança e música, saídas de barco com pescadores e vivências em ilhas próximas. Experiências como o uso do mussiro — tradição ancestral de cuidado e beleza — também fazem parte do repertório que conecta visitantes à verdadeira essência de Cabo Delgado.
Além do Salama Pemba, Filomena actua como Project Officer no Centro de Desenvolvimento Empresarial — MozUp, onde apoia iniciativas de capacitação e fortalecimento de negócios locais. Essa experiência complementa directamente o seu trabalho no turismo comunitário, trazendo práticas de empreendedorismo sustentável para as comunidades envolvidas.
As estratégias de promoção do empreendedorismo incluem formação de pequenos grupos, incentivo a parcerias, valorização dos saberes tradicionais e gestão consciente dos recursos naturais. Com esse modelo, o projecto já gerou impactos económicos concretos, criando novas fontes de rendimento e fortalecendo o orgulho cultural, especialmente entre jovens e mulheres.
Filomena enxerga o futuro do turismo em Cabo Delgado com optimismo. Para ela, os próximos 5 a 10 anos serão marcados pela consolidação de um turismo responsável, inclusivo e sustentável.
“Com projectos como o Salama Pemba, acredito que Cabo Delgado poderá afirmar-se internacionalmente como um destino autêntico, sempre respeitando e fortalecendo a sua identidade cultural”, diz.
Para os jovens que desejam empreender no turismo e na cultura local, a mensagem de Filomena é clara e inspiradora:
“Acreditem no valor das vossas raízes. O turismo comunitário é uma oportunidade real de transformar talento em impacto. Com coragem, criatividade e união, podemos construir um futuro mais justo e cheio de oportunidades para todos.”
O Salama Pemba prova que, quando a comunidade é protagonista, o turismo se transforma em uma celebração viva de identidade, resistência e esperança.
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