A comunidade do município de Mulenvos, na província de Luanda, está em choque e indignada com o suposto abuso sexual de uma menor de 15 anos por oito indivíduos, vizinhos da vítima.
O crime, que alegadamente incluiu espancamento e cortes com lâmina nos órgãos genitais da jovem, ocorreu numa obra abandonada, um local já conhecido por servir de esconderijo para marginais e palco de situações semelhantes.
O Relato do Crime e as Condições da Vítima
Após o ataque, a saúde da jovem ficou “bastante complicada”.
Segundo a parteira que realizou a limpeza, a menor precisava de “muito
cuidado” e “todas as consultas”. A vítima não conseguiu
sentar-se por uma semana e dois dias, tendo de ser transportada deitada em
táxis devido às lesões.
Acção Policial e a Controvertida Libertação dos Suspeitos
Durante o período em que os suspeitos estavam detidos, as mães de três dos acusados tentaram persuadir a família da menor a retirar a queixa. Elas choraram e pediram para “negociar” e “pagar”, alegando que os filhos estavam perto de fazer 18 anos ou já tinham atingido essa idade. No entanto, a mãe da vítima recusou-se veementemente, afirmando:
“A consciência da minha filha não se negocia”.
Impasse Jurídico e o Clima de Medo na Comunidade
A mãe refutou a insinuação, reiterando que a sua preocupação era a
segurança de outras crianças no bairro.
Mais alarmante foi o conselho dado à mãe por agentes da polícia para que
ela “saísse do bairro” para ter “menos irritação”, sob a
alegação de que a polícia “não [tinha] mecanismo” para resolver a
situação no local.
A mãe, que trabalhava por conta própria e perdeu muitos clientes, não tem condições financeiras para abandonar o bairro.
O impacto social na comunidade é profundo. Crianças que antes iam à
cantina já não saem de casa, e quando o fazem, são apontadas ou questionadas se
são irmãos da vítima ou dos agressores. Os alegados agressores, por sua vez,
parecem agir com impunidade, chegando a provocar outras crianças na escola,
gabando-se do ato e afirmando que “ninguém tá aí na escola”.
Apelo por Justiça
Indignada com a situação e a falta de responsabilização, a mãe da vítima
“pede encarecidamente que os responsáveis deste ato sejam
responsabilizados criminalmente”. A história da menor e o calvário da
sua família têm sido acompanhados pela TV Zimbo, com a reportagem de Maria
Pedro e imagens de Lionel de Andrade.
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