Em Moçambique, a reacção de um político às críticas que se seguiram aos protestos pós-eleitorais foi objecto de análise por parte do sociólogo moçambicano Elísio Macamo. A análise foi divulgada através de um vídeo nas plataformas digitais da MBC TV, onde o académico reflecte sobre os efeitos e implicações do discurso político em contextos democráticos.
O sociólogo referiu que o político em questão, identificado como o segundo candidato presidencial mais votado nas últimas eleições, reagiu às críticas de alguns apoiantes com declarações que geraram polémica. Segundo Macamo, após os resultados eleitorais, o político convocou manifestações que culminaram em confrontos, danos materiais, perda de vidas humanas e interrupções significativas na vida quotidiana dos cidadãos.
Meses após o fim dos protestos e da tomada de posse do novo governo, Macamo observa que o país enfrenta dificuldades, como o encerramento de empresas e a perda de postos de trabalho, que relaciona com os acontecimentos registados no período pós-eleitoral.
De acordo com o sociólogo, algumas críticas dirigidas ao político partiram de antigos apoiantes que questionavam a ausência de uma estratégia política clara ou consideravam que a mobilização de protestos havia terminado de forma prematura. Em resposta, o político terá afirmado que os críticos deveriam “organizar a luta” se se consideram “tão inteligentes”, tendo ainda usado termos como “abutres, hienas e parasitas” para se referir aos mesmos.
Macamo identificou três aspectos centrais neste tipo de resposta: o ataque pessoal, o uso de argumentos que distorcem as intenções dos críticos e a criação de uma dicotomia que opõe aliados e inimigos, ignorando posições intermédias.
No vídeo, o sociólogo afirmou que a democracia se sustenta na pluralidade de opiniões e não no culto da obediência, referindo-se a práticas políticas associadas ao partido no poder como ponto de comparação. Sublinhou que, em contextos democráticos, o exercício do poder exige justificação e disposição para o diálogo com diferentes sectores da sociedade.
Macamo defendeu que rejeitar a crítica não contribui para a construção de uma liderança capaz de responder com responsabilidade e transparência. Sublinhou também que a democracia institucionaliza o conflito e oferece mecanismos para lidar com divergências de forma pacífica.
Durante a sua intervenção, o sociólogo partilhou experiências pessoais, incluindo episódios de ataques verbais recebidos após ter criticado actos de violência cometidos tanto por manifestantes como pelas forças policiais. Acrescentou que tais reacções o deixaram preocupado com o nível de discernimento presente no debate político nacional.
Referindo-se à importância de uma liderança que acolhe a diferença de opinião, Macamo citou Nelson Mandela, destacando a necessidade de se cultivar coragem e dignidade nas interacções políticas.
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