APÓS O FIM DOS "RANDS", CASAMENTO DE JOSÉ E NILZA "ESPUMA" DE FORMA CONTURBADA

 

Um casamento celebrado com promessas e expectativas terminou em silêncio, ausência e um apelo público por compensação. José, outrora considerado o “genro de ouro” por ter regressado das minas com bolsos cheios, viu-se expulso da casa dos sogros após cair em falência. A sua história, contada em detalhes pela TV Sucessomoz, ganhou repercussão nacional e ilustra a realidade de muitos homens que, ao perderem o poder económico, perdem também o espaço onde um dia foram recebidos com honra.

O início do casamento com Nilsa já deixava prever que o enredo não seria simples. No próprio dia da cerimónia, uma confusão pública eclodiu diante do palácio dos casamentos, quando a mãe de José, não convidada, apareceu indignada. Para ela, o filho estava enfeitiçado. Disse que a família da noiva lhe tinha “virado a cabeça” e que, ao renegar o sangue e seguir o brilho dos randes das minas sul-africanas, José caminhava rumo à ruína. As palavras da mãe, naquele momento ignoradas, hoje ecoam com outro peso. Ainda assim, e com a intervenção de programas de reconciliação como o Moçambique em Concerto, a cerimónia prosseguiu e o casal iniciou a vida conjugal sob o mesmo tecto dos sogros.

Com dinheiro acumulado no estrangeiro, José poderia ter construído sua própria casa. Mas escolheu o conforto e a segurança da casa da família de Nilsa. Nos primeiros tempos, foi celebrado como o genro ideal: trabalhador, educado, prestativo e generoso. Mas bastou a maré financeira inverter-se para o rótulo dourado começar a desbotar. Sem emprego e com o “bolso murcho”, José passou a ser acusado de sobrecarregar a casa. A estima desapareceu com a mesma velocidade com que os randes evaporaram.

O drama agravou-se quando Nilsa, sua esposa, começou a vender pertences pessoais. Primeiro, o vestido de noiva. Depois, os sapatos. E por fim, até as alianças. Tudo, segundo ela, motivado pela fome. Confrontada por José, a resposta foi seca. O casamento, que já tremia, começava a desmoronar. José, em desespero, assumia todas as tarefas domésticas. Lavava a roupa da mulher, das crianças e até as suas próprias. Mesmo assim, continuava a ser visto como um peso. E foi nessa fase que conseguiu emprego como segurança, ganhando 8000 meticais mensais — um valor que a família da esposa considerava “miúdo” e “sem peso”, quando comparado ao que ganhava nas minas.

A tentativa de salvar a relação fracassou quando Nilsa abandonou uma reunião familiar marcada para buscar entendimento. Desde então, não deu mais sinais. Levou a criança e não olhou para trás. José permaneceu na casa, já sem lugar à mesa, já sem o respeito de antes. Tornara-se um incómodo. E diante de portas que já não se abriam para si, José decidiu reagir.

Hoje, exige compensação pelo que investiu emocional e financeiramente na relação. Reclama por justiça. A irmã de José, que acompanha de perto este desfecho, não esconde a revolta. Chama Nilsa de bandida e afirma que “ela vai matar o nosso irmão”. Acusa-a ainda de manter outros relacionamentos enquanto José permanece numa casa onde já não é bem-vindo. A família também aponta o dedo a Michaque, irmão mais velho de Nilsa, alegando que terá esbanjado parte do dinheiro trazido por José.

O desfecho ainda é incerto. Sem casa construída, sem rumo profissional definido, José enfrenta a dura realidade de quem um dia foi tudo — e hoje sente-se nada. Com lágrimas nos olhos e a voz embargada, afirma que só lhe restam as lembranças, a culpa e um pedido tardio por acolhimento. Talvez à mãe que outrora foi ignorada. Talvez à consciência de um país que, por vezes, se esquece de que o valor de um homem não se mede pela espessura do bolso, mas pela firmeza com que resiste mesmo depois da queda.

A TV Sucessomoz continua a acompanhar o caso, que permanece em aberto. E enquanto a justiça não vem — nem do coração, nem da lei —, José continua à porta de um lar que deixou de o reconhecer. E talvez, por fim, esteja a aprender que quem não constrói o seu próprio espaço, cedo ou tarde, torna-se hóspede indesejado até onde um dia foi rei.

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